Nem o tempo nublado fez com que os fãs da trupe do Teatro Mágico ficassem em casa. Mais de três mil foram prestigiar o espetáculo, num cenário que mistura música, poesia, arte circense, teatro e literatura. O “show” apresenta cenas do cotidiano, dificuldades de relacionamento, critica a sociedade capitalista, debate o acesso à música e as dificuldades de artistas brasileiros. “Amo o Teatro Mágico. Acho bonito o modo que eles abordam diversos aspectos da vida e com as palavras usadas por eles refletimos a realidade”, comentou Andressa Reis, de 23 anos, que veio de Itatiba para assistir o show.
Fernando Alfaro, de 19 anos, veio de São Paulo, cidade natal da trupe, para acompanhar mais um show. “Acompanho em todas as apresentações que eu posso. Admiro o modo como eles tratam as coisas do cotidiano. Um dia perfeito, este parque maravilhoso, junto de arte brasileira”, disse.
Para os jornalistas JP Pólo, apresentador do programa Boa Tarde da TVE, e Flávia Mostério, repórter da TVE, a iniciativa de se trazer um espetáculo do nível do Teatro Mágico, dignifica a cidade e o Parque da Cidade. “Excelente. A primeira apresentação de muitas. Jundiaí precisa de eventos como este que traz une a cultura e um espaço como o parque”, comentaram.
Daniel Tavares, músico conhecido como Danielzito, afirmou que a cidade precisa de apresentações diferentes como a que o Teatro Mágico faz. “Jundiaí precisa de cultura e a organização do evento acertou em trazer um show como este, que envolve tudo de maneira muito bonita”.
O ator José Renato Forner, enfatizou a importância da cultura de qualidade para a região. “Sou jundiaiense e acredito que a sociedade precisa de um trabalho de qualidade, e a trupe dignifica isso quando não é conhecida pela mídia e faz de qualquer apresentação um belo show, enfatizado pela simplicidade”, enfatizou o ator.
O evento foi promovido pela Arte Eventos, com apoio cultural da DAE e Prefeitura Municipal. Embora a entrada tenha sido gratuita, os organizadores pediram colaboração para a doação de um quilo de alimento não perecível, e foram arrecadados cerca de 200 quilos que será doado para a ONG Clube de Amigos do Amauri, que assiste famílias carentes, idosos, enfermos e entidades carentes.
A trupe
Encabeçado pelo músico Fernando Anitelli, a apresentação “O Teatro Mágico – Entrada para Raros” é composta por cerca de 22 artistas, todos trajados com figurinos de palhaço.
“A proposta do Teatro Mágico é possibilitar a descoberta de cada um em si mesmo e no outro. A intenção é unificar palco e platéia, artista e público, tudo em uma coisa só”, conta o autor do projeto.
As músicas do espetáculo, compostas por Anitelli, ganharam um CD, com 19 faixas, em que violões, violinos, guitarra, baixo, percussão, flauta, DJs, gaita, bateria, teclado, saxofone, e ruídos se misturam para compor as melodias. As canções são intercaladas pelo traçado tecnológico de ruídos telefônicos, sinais de rádio e mensagens de voz.
Como começou
A idéia do nome “O Teatro Mágico” surgiu a partir da leitura do livro “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse, que discute a existência de vários personagens que as pessoas trazem dentro de si. O protagonista da história, Harry Heller, se encontra com um luminoso em que se lê “O Teatro Mágico – Entrada Para Raros”, aquilo chamou não só a atenção do personagem quanto de Anitelli. Com entrada para raros o compositor ressalta que cada pessoa é rara por sua existência única, daí o nascimento em 2003.