Memória

Pioneirismo

Registros históricos comprovam que já na metade do século 19 Jundiaí ocupava uma posição de destaque entre as primeiras cidades brasileiras a se preocupar com saneamento básico e a empreender obras dos serviços de água e esgoto nesta área. Naquela época, as autoridades municipais discutiam a necessidade de criar um sistema de afastamento dos resíduos sanitários e, ao mesmo tempo, trazer água limpa para consumo diretamente dos mananciais da Serra do Japi, formação com até 1.200 metros de altitude.

Até aquele momento, a principal fonte de água potável para os moradores eram os poços perfurados nos próprios quintais das residências. Já o esgoto era depositado em fossas, quando não corria a céu aberto pelas ruas.

O primeiro reservatório de distribuição foi inaugurado em 1899, no ponto mais alto da área urbana, o bairro Anhangabaú. A água canalizada da Serra era tão límpida que não havia necessidade de tratamento. Do reservatório seguia para duas indústrias e, com o passar do tempo, passou a chegar nas residências também.

Em 1901, a iniciativa privada ficaria incumbida do serviço por meio da empresa dos engenheiros Fonseca Rodrigues e Ataliba do Valle. Foi inaugurada a Empresa de Abastecimento de Água, Serviços de Esgoto e Iluminação Pública, como entidade privada, que realizou as primeiras redes de água no município.

Em 1910, aquela empresa seria encampada pelo município. O reservatório da Serra oferecia à cidade, na época, 2,3 milhões de litros de água por dia. Com um novo encanamento passaria a fornecer outros 1,3 milhões de litros. Os principais consumidores eram as duas ferrovias, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e a Sorocabana Railway. O excedente da água era suficiente para abastecer aproximadamente 200 prédios na cidade. Registros históricos não informam quantos eram realmente ligados à rede na época.

Departamento de Água e Esgoto

A partir das décadas de 1940 e 1950, o desenvolvimento da cidade tornou-se mais acentuado. Os serviços de água e esgoto receberam investimentos e assessoria do Governo do Estado e, nesta época, o rio Jundiaí Mirim começou a ser considerado como manancial. A água não era tão cristalina quanto o produto da Serra, mas com tratamento adequado resultaria em uma satisfatória opção. O rio Jundiaí chegou a ser cogitado para o abastecimento na década de 1930, mas o projeto de construção de uma barragem onde hoje fica o município vizinho de Várzea Paulista não seguiu adiante.

A primeira represa do município (do Horto Florestal) é de 1953, quando ocorreu a construção de um pequeno reservatório no bairro do Horto Florestal para captar água do rio Jundiaí Mirim, um curso d´água com vazão média de 400 litros por segundo que nasce na divisa entre Jarinu (Córrego do Tanque) e Campo Limpo Paulista (Ribeirão do Perdão). A Bacia do rio Jundiaí Mirim cobre uma área de 10.860 h, dos quais 55% em Jundiaí, 36,6% em Jarinu e 8,4% em Campo Limpo e tem uma extensão de 16 quilômetros.

A partir da década de 1960, com o crescimento da população e o início do processo de industrialização acentuada no município, as vazões do rio Jundiaí Mirim tornaram-se insuficientes, obrigando a administração municipal a buscar outros mananciais.

O maior impulso na área de saneamento básico deu-se a partir da criação do DAE (Departamento de Água e Esgoto), em 1969, mesmo ano de inauguração da estação de Estação de Tratamento de Água (ETA-A) exatamente onde existia o primeiro reservatório, no bairro do Anhangabaú. Na época, o local tinha capacidade para tratar cerca de 900 litros de água por segundo.

Outorga do rio Atibaia

Na década de 1970 o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) autorizou a reversão do rio Atibaia, afluente do rio Piracicaba. A água do Atibaia era bombeada para o leito do rio Jundiaí Mirim por meio de uma linha de adução com diâmetro de 700 mm e outorga de 700 l/s. Na década de 1980 fez-se necessário uma nova solicitação para aumento desta vazão, para 1200 l/s e, consequentemente, a construção de uma nova elevatória e outra linha de recalque com diâmetro de 1200 mm, paralela à existente. Captada no município de Itatiba, essa água tem reforçado as vazões do rio Jundiaí Mirim nos períodos de estiagem – em 2017, a DAE conquistou a renovação do documento, que tem validade até 2027, prazo que pode ser prorrogado.

Nova represa

No final dos anos 70 e início dos 80, teve início a construção de uma outra represa (Horto Florestal/rodovia Geraldo Dias), uma vez que a reservação já não era suficiente no período de estiagem; da Casa de Bombas, do reservatório elevado do Anhangabaú e ampliação da rede de distribuição de água, atingindo 97% na zona urbana.

De 1983 a 1988, com base em estudos feitos pela DAE, dentre outras obras, foi projetada uma represa maior, com capacidade de reservação para 5 bilhões de litros de água, ao longo da rodovia João Cereser.

Nesta época, pelo menos 90% da água potável que servia os moradores de Jundiaí era proveniente da bacia do rio Jundiaí Mirim. Em 1995, foram iniciadas as obras de construção da represa da rodovia João Cereser. Com as chuvas, no verão seguinte começava a ser formado um lago, ainda provisório. Em 1997 passaram a ser executadas as principais obras de consolidação do novo lago, com cinco metros de altitude acima da represa do Horto. A barragem, com 15 metros de altura, foi concluída no último trimestre de 1998. O investimento, contando a obra e mais as desapropriações da área inundada, soma cerca de R$ 50 milhões.

Em 1998, com a finalização da obra, a represa atingiu o limite de 5,5 bilhões de litros de água. Após essa etapa, a Prefeitura de Jundiaí e a DAE S.A. executaram várias ações de maneira contínua, contribuindo para manter e elevar a qualidade da água do rio Jundiaí Mirim – único classe 1 (água quase potável) das bacias hidrográficas da PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e aumentar a capacidade de reservação de água.

Uma dessas importantes ações foi a obra de ampliação da represa, concluída em 2010 com o alteamento da Estrada do Pinheirinho e a limpeza da área a ser coberta posteriormente pela água. Ao todo, foram investidos R$ 18 milhões, ação que permitiu o aumento da capacidade de reservação da represa, de 5,5 bilhões de litros para 8,3 bilhões.

Ampliação do tratamento e armazenamento

Outra ação realizada pelo município para garantir o abastecimento de água foi a duplicação da capacidade da ETA-A, entre 1997 e 2000. Isso aumentou a capacidade de tratamento, de 900 litros por segundo (o consumo da cidade chegava a picos de 1,2 mil litros por segundo) para 1.800 litros por segundo. Atualmente, obras em andamento na ETA-A visam à ampliação da capacidade de tratamento, que passará para 2.400 litros por segundo.

Além desta, Jundiaí possui ainda a Estação de Tratamento Eloy Chaves (ETA- EC), que, desde 1996, quando passou por um processo de modernização, atende parte da população do Eloy Chaves, parte da Fazenda Grande e o bairro do Medeiros. As duas estações, juntas, fornecem cerca de 140 milhões de litros de água por dia à população de Jundiaí, estimada em 400 mil habitantes.

Além disso, graças a obras realizadas no vertedouro da represa, a capacidade de reservação foi ampliada em 12%, chegando a até 9,3 bilhões de litros de água bruta.

De autarquia à estatal

Em novembro de 1969, pela lei de número 1637, o Departamento de Água e Esgoto, até então diretoria da Prefeitura, foi transformado em Departamento de Água e Esgoto de Jundiaí, uma autarquia municipal, em que o mais alto mandatário era o superintendente.

Em 31 de dezembro de 1999, o DAE deixou de ser uma autarquia para tornar-se empresa de economia mista, a DAE S.A. A Prefeitura Municipal de Jundiaí detém quase 100% das ações. Recentemente, a DAE foi adequada aos termos da Lei das Estatais (lei nº 13.303/2016).