As primeiras redes de água e esgoto em Jundiaí surgiram no século 19 e, na virada para os anos 1900, Jundiaí começava a vislumbrar o que seria, mais de cem anos depois, a DAE Jundiaí, uma referência nacional em saneamento.
Em meio aos documentos que estão na sede administrativa da empresa, uma planta de encanamentos e esgoto datada de 15 de novembro de 1893, com a grafia da cidade escrita “Jundiahy”, foi encontrada e passou por um processo de restauração, acompanhado de perto pela equipe da DAE, a pedido do diretor presidente, Walter da Costa e Silva Filho, e do Arquivo Histórico da Unidade de Gestão de Cultura da Prefeitura de Jundiaí, sob a coordenação do diretor do Museu Histórico e Cultural Solar do Barão, Paulo Vicentini, e do gestor Marcelo Peroni.
Pela DAE, o processo foi coordenado pela chefe da Seção de Geoprocessamento, Eliana Yuda, que está na empresa desde 1988. “No início, os mapas eram todos feitos em papel vegetal”, lembra. Eliana é a responsável pelo Geomapa, sistema adquirido pela DAE em 2011 e que detalha os mais de 1.995 quilômetros de redes de água e 1.113 quilômetros de redes de esgoto da cidade. “Este é o mapa mais antigo que conheço na DAE. Como era muito grande, não estava escaneado, o que permitiu que a cópia fosse mais fiel”, conta.
Para fazer este trabalho, o estúdio da restauradora Elisabetta Battioli, por onde já passaram obras de Portinari, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, além de 200 peças do Museu Solar do Barão, foi contratado. O trabalho durou cinco meses. Começou pela remoção de fungos, passou pela esterilização e até pela retirada de durex, para a qual foi usado um bisturi cirúrgico.
“Foi um dos trabalhos mais difíceis que tivemos e, ao mesmo tempo, fascinante. Por um mês o mapa ficou em cima de uma mesa, para que saíssem as ondulações e os fungos, sob exposição ao ozônio e infravermelho”, detalha o restaurador técnico Sergio Jose Ribeiro, que trabalha com Elisabeta há quase 40 anos.
Museu
Costa e Silva conta que o mapa deve integrar o futuro Museu da Água, projeto que pretende recuperar a história do saneamento na cidade. Para isso, a DAE está organizando seu acervo de fotos, vídeos e peças – como hidrômetros históricos – e conta com a colaboração da população.
“Estamos procurando fotos ou vídeos que possam nos ajudar a contar como foi a implantação das redes de água e esgoto na cidade ou que ilustrem algo sobre a história da DAE”, reforça Costa e Silva. As imagens estão sendo catalogadas.
Segundo Vicentini, o documento é valioso. “Trata-se de uma reprodução fidedigna da planta elaborada em diferentes momentos, entre o final do século 19 e o início do século 20. Sua redescoberta e restauro demonstram o compromisso das instituições municipais com a memória de Jundiaí, já que será uma referência para diferentes áreas de pesquisa”, avalia.
Por este motivo, Peroni fez um pedido especial, já atendido: o mapa digitalizado ficará disponível, em breve, no Acervo Digital do Arquivo Histórico (https://cultura.jundiai.sp.gov.br/espacos-culturais/arquivo-historico/), juntamente com a documentação histórica. “É importante que esteja disponível para consulta da população e pesquisadores”, aponta o gestor de Cultura.
Detalhes
Intitulado “Planta geral da cidade de Jundiahy – rede dos encanamentos e esgoto”, o mapa data de 12 de novembro de 1893, mas diz, na sequência: “copiado do original em fevereiro de 1936”. Traz os nomes da DAE – como D.A.E. – e da Diretoria de Obras da Prefeitura de Jundiaí. Centro, Anhangabaú e Vila Arens estão demarcados, bem como a “estrada geral para Itatiba” e o rio Guapeva.
Na referência dos encanamentos, hidrantes, válvulas de ar, válvulas de esgoto e válvulas de paradas. No esgoto, os distritos norte, sul, leste e oeste e uma observação: “as cotas das curvas de nível referem-se à altura do trilho na Estação de São Paulo Railway”. Até o Museu da Água estar consolidado, a planta está na sala da presidência, na sede da DAE.