Rede coletora de esgoto é prejudicada com o despejo incorreto de óleo de cozinha

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Rede coletora de esgoto é prejudicada com o despejo incorreto de óleo de cozinhaBatata-frita, bife à milanesa, pastel, esses e diversos outros alimentos são deliciosos, mas para serem preparados e ficarem no ponto ideal para o consumo precisam ser fritos, gerando um resíduo poluente e que na maioria das vezes é despejado de forma incorreta na rede de esgoto, o óleo de cozinha, que não é biodegradável.

Segundo o diretor da Companhia de Saneamento de Jundiaí, Luiz Pannuti Carra, que é responsável pelo tratamento de esgoto de Jundiaí, o óleo de cozinha é jogado incorretamente na rede de esgoto. “Esse resíduo não pode ser jogado na pia, vaso sanitário, esgoto ou mesmo nas águas pluviais. Mas infelizmente hoje em Jundiaí o volume do resíduo que chega na Estação de Tratamento de Esgoto é bem considerável”, comenta.
Pannuti ainda frisa que quando jogado na rede de esgoto o óleo de cozinha causa muitos problemas. “O resíduo provoca entupimento das redes, fazendo até com que o esgoto transborde em algumas residências”.
A Gerente de Tratamento de Esgotos da DAE, Maria Auxiliadora Pedro Dib enfatiza os danos que o óleo promove. “Forma-se incrustação na tubulação, o que diminui a área útil da mesma. Com o tempo esse resíduo acumulado fica muito sólido e acaba entupindo a tubulação e prejudicando o uso da rede. Existem alguns casos em que chegamos a ter que trocar um trecho da rede por causa dessas incrustações”.
Não é apenas nas tubulações que o óleo causa prejuízo. Luiz Panutti afirma que também há um impacto econômico negativo. “Quando jogado na rede coletora o óleo usado diminui o rendimento do tratamento dos efluentes, além de encarecer e causar uma queda na eficiência do tratamento final”.
Maria Auxiliadora explica que o aumento nos custos acontece porque o tratamento fica mais dificultoso. “O óleo flutua no esgoto e com isso dificulta a mistura, permanecendo mais tempo no tratamento. As bactérias levam mais tempo para fazer a quebra das moléculas de gordura”, explica.
Outra dica que a Gerente de Tratamento de Esgoto passa é que seja instalada a caixa de retenção de gordura, onde fica retida toda a gordura que saí da limpeza da louça utilizada nas residências. “Essa caixa deve ficar localizada na saída da pia, antes do início da rede de esgoto. Com tampa móvel para facilitar a limpeza, que fica sob a responsabilidade de cada proprietário e deve ser feita periodicamente. O ideal é retirar a gordura, depois de solidificada, com uma pá e joga-la no lixo orgânico”, ensina Maria Auxiliadora.
O melhor destino para o óleo usado é a reciclagem ou reaproveitamento para a fabricação de sabão. A aposentada Maria Zanini reaproveita o óleo de cozinha há quatro anos. “Todo o óleo utilizado na minha casa, na da minha filha e de algumas vizinhas viram sabão. Aprendi a fazer com amigas e uso o sabão para lavar louça e roupas. Quando o sabão em pó acaba corto o que faço em pedaços pequenos e diluo na água morna, depois coloco apenas um pouco a mais de amaciante na máquina.
Maria conta que a receita é simples e que cada cinco litros de óleo originam pelo menos 13 barras. “Na receita também uso soda cáustica, água morna, detergente e álcool, mas no final o custo é menor do que comprar no supermercado e, além disso, também estou ajudando a não poluir o meio ambiente”.
No entanto, quem não conhece pessoas ou entidades que reutilizem o óleo de cozinha pode colocar o resíduo em garrafas PET, fechar bem e jogar no saco plástico junto com lixo orgânico – ou seja – o lixo comum.
Alerta – Outra atitude errada que muitas pessoas têm é a de despeja-lo sobre o solo ou derrama-lo dentro do saco de lixo. Com o tempo cria-se uma camada impermeável sobre a superfície, o que facilita a ocorrência de enchentes e ainda pode atingir as águas do subsolo que vão alimentar os rios e/ou abastecer residências localizadas em áreas rurais e que utilizam água de poço.
É importante lembrar que apenas um litro de óleo é capaz de esgotar o oxigênio de um milhão de litros de água, formando em poucos dias, uma fina camada sobre uma superfície de 1.000 m2, o que bloqueia a passagem de ar e luz, impedindo a respiração e a fotossíntese das plantas.