Cinco anos de detenção e mais de 50 mil reais, este foi o resultado do 2ª Júri Ambiental, evento realizado pela Escola Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno Couto em parceria com a DAE, que aconteceu ontem, no auditório da escola.
Neste ano o caso julgado foi o do empresário Nestor dos Reis que ampliou sua indústria de retifica de motores automotivos para recondicionadora de transformadores, localizada no bairro Jundiaí-Mirim, área de manancial, mudando de atividades sem a respectiva documentação necessária (licenças).
Para a realização da nova atividade sua indústria gera um efluente altamente tóxico, utilizando como isolante térmico em transformadores. Mas em 2004, a contrata uma transportadora para levar o produto tóxico para tratamento, o motorista da empresa contratada, por motivos particulares, realizou um descarte no rio, na propriedade de um agricultor, contaminando a água e a plantação e provocando a morte da sua esposa.
A promotoria condenou o empresário há cinco anos de detenção e pagamento de R$ 50 mil pelo homicídio culposo da “dona Ana Silva Santos” e crimes ambientais como poluição de água, morte de fauna e destruição da flora.
“Um resultado inesperado”. Foi assim que o biólogo Martim de França Silveira Ribeiro, assessor técnico da DAE, que representou o juiz, se referiu sobre o evento. “Não tínhamos idéia do resultado. A cada ano os alunos nos surpreendem, o pessoal está cada vez mais consciente da importância da preservação do meio ambiente”, comentou.
Segundo Ana Rita Serrafero, professora de biologia, o júri faz parte do projeto “Agenda Ambiental”, que é composto de ações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos alunos. “O objetivo do Júri é despertar nos alunos valores físicos, éticos, morais, culturais e ecológicos, entre outras questões pertinentes a formação destes jovens como cidadãos”,comentou a professora, que é a mediadora do projeto.
O Júri Ambiental segue o mesmo rito de um julgamento, tendo advogados de defesa e promotores encarregados da acusação. “São 360 alunos, do primeiro e segundo ano do Ensino Médio, envolvidos direta e indiretamente com o projeto. Começamos a trabalhar com eles em agosto”, disse Ana Rita.
De acordo com a bióloga da DAE, Maria Elisabete Mendes Lopes Botan, a DAE participa do projeto com a elaboração da situação-problema em relação a utilização e preservação de mananciais, abordando inclusive e principalmente as questões jurídicas. “Nós fornecemos o caso para o julgamento. Criamos um incidente que teve como conseqüência o comprometimento da qualidade da água de abastecimento do município”, explicou Maria Elisabete.
Para o biólogo Martim de França Silveira Ribeiro, assessor técnico da DAE, que representará o juiz a expectativa é grande. “Ano passado os alunos deram show de interpretação. Eles se envolveram com a proposta do evento e este ano o júri tende a ser mais interessante”, finalizou.